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Coala 2016: na contramão do mainstream, festival de música alternativa cresce e ganha também protestos políticos

Crédito: I Hate Flash / Divulgação
Crédito: I Hate Flash / Divulgação

Assim como os grandes shows solos recebidos no Brasil anualmente, o país também tem se tornado palco de festivais musicais importantes. Contudo, apesar da diferença de estilos que predomina cada um deles, é difícil identificar uma proposta realmente instigante, que os torne, de fato, inovadores. O segredo disso não está em ter como headliner um grande nome internacional, ou um espaço gigantesco repleto de outras atrações, mas sim em conseguir saber definir muito bem a mensagem que deseja passar. E essa foi uma tarefa realizada com sucesso pelo Coala.

Em sua terceira edição, o festival, composto por um line up 100% nacional, abre espaço para que nomes da atual música brasileira fora do mainstream apresente o seu trabalho de forma democrática, e cria um espaço cultural alternativo em meio ao caos paulistano, onde o respeito à diversidade prevalece de maneira absoluta.

Com duração de 10 horas, o evento apresentou artistas brasileiros de diferentes vertentes e reuniu neste sábado (3), aproximadamente 10 mil pessoas no Memorial da América Latina, em São Paulo.

 

Coala de A a Z

Pontual, o capixaba Silva foi o primeiro a subir no palco do Coala, com parte da sua atual turnê “Júpiter”. Sob um sol escaldante, o cantor  apresentou sucessos como “Feliz e Ponto”, “Janeiro” e “12 de Maio”. Na sequência foi a vez da novata Lila encantar o público com a sua música. Considerada uma das revelações da MPB, a cantora fez um dos maiores shows de sua trajetória, e foi recebida de braços abertos.

Apresentando o seu mais recente trabalho, “Tropix”, a paulistana Céu manteve a calmaria e boa energia dos primeiros shows. Depois disso, um dos momentos mais aguardados do dia finalmente se concretizou. Cícero, que arrancou lágrimas da plateia com sucessos como “Açúcar e Adoçante”, “Tempo de Pipa” e “Vagalumes Cegos”, trouxe como convidado especial um dos maiores nomes nacionais: Marcelo Camelo.

Os dois artistas tocaram cinco músicas juntos, entre elas o grande sucesso do Los Hermanos “Conversa de Botas Batidas” e “Hey Nana”, da Banda do Mar – banda formada por Camelo e sua esposa Mallu Magalhães.

Já de noite, a penúltima banda a se apresentar mudou bruscamente o disco, colocando todo mundo para dançar. O Baiana System (pré-candidato a melhor show pela Associação Paulista de Crítico de Arte), mostrou toda a sua energia e disposição no cenário, com uma mistura  singular, que vai da eletrônica ao axé de Salvador.

Escalada para o encerramento do festival, Karol Conka trouxe ao palco diversos hits e mensagens de empoderamento feminino e combate ao preconceito racial.

Considerada um dos principais nomes da música nacional atualmente, a cantora, que se apresentou na abertura dos Jogos Olímpicos 2016, manteve o clima da banda anterior, com os seus sucessos como “Lista VIP”, “É o Poder” e “Tombei”.

 

“Fora Temer”: o grito de guerra do dia

Com um forte engajamento social desde o seu início, em 2014 (como a meia entrada a todos que doarem um quilo de alimento ou um livro para instituições de caridade), o Coala também ganhou caráter político nesta edição. Em meio a atual situação política vivida no Brasil, o palco do festival também foi usado para protestos contra o atual governo. Entre uma música e outra, todos os artistas que se apresentaram, mandaram um grito de “Fora Temer” no palco.

Na plateia não foi diferente. Durante todo o dia, vozes se uniram para protestar contra o atual presidente. A manifestação se estendeu até a saída do evento.