Nesta sexta-feira, 10, chega às lojas e plataformas digitais o sétimo álbum da carreira de Daniel Drexler, “UNO“. O material inédito conta com 12 faixas, incluindo os três primeiros singles “Febril Remanso”, “Al Menos Un Segundo”, que conta com a participação de Marcelo Jeneci, e “Los Peones de La Guerra”.
O novo trabalho do uruguaio foi produzido por Alexandre Kassin e contou com a participação de músicos renomados do Uruguay, Argentina e Brasil, onde parte do álbum foi gravado. Entre os participantes estão Marcos Suzano, Davi Moraes, Domenico Lancelloti, Johnny Neves e Martin Ibarpuru.
Em entrevista ao Portal da Música, Daniel Drexler contou sobre o processo de gravação do álbum “UNO”, sua amizade com Marcelo Jeneci e também sobre as mudanças em sua carreira ao longo desses 19 anos na estrada. Confira o bate-papo completo abaixo:
Para começar, pode nos contar um pouco sobre o processo criativo e de gravação do “UNO”?
Bom, a produção do “UNO” aconteceu pelos caminhos, nos quartos dos hotéis, camarins, aviões, ônibus. Durante dois anos eu compus as canções do disco, e a gravação foi basicamente toda no Rio de Janeiro. 70% aconteceu no estúdio do produtor musical Alexandre Kassin, em Botafogo, com vários músicos incríveis como Marcos Suzano, Davi Moraes, Johnny Neves… Um time super profissional. Depois, em Montevidéu, fiz tomadas adicionais de alguns coros, vozes, baterias. E depois gravamos os acordes e piano em Buenos Aires. É uma ponte entre três cidades.
Como surgiu a sua amizade e parceria com o Marcelo Jeneci?
Eu conheci o Marcelo em um show que fiz em em 2015, em São Paulo, e o convidei para cantarmos juntos a música “Al menos en un segundo”. Depois saímos para beber e, conversando, ele me perguntou “Com quem você vai gravar essa música? Ela me soa muito brasileira”. E me indicou gravá-la com o Kassin. Eu já o conhecia, o admirava muito, mas jamais pensei na possibilidade de gravar com ele. Então ele me pediu para gravar algumas músicas pelo celular e enviá-lo. Eu enviei e o Alexandre me respondeu “adorei”. Dai em diante, veio a oportunidade de gravar no Rio de Janeiro. Marcelo estava no momento das gravações, e ali mesmo o convidei para participar da música. Além da parceria, surgiu uma amizade muito linda e acredito que ainda renderá muitos frutos.
O disco “UNO” conta com a participação de músicos do Uruguay, Argentina e Brasil. Como foi pra você trabalhar essa mistura de culturas em um único material?
Essa mistura foi muito natural. Inclusive, eu, quando soube que gravaria com Kassin no Rio, chamei um parceiro da vida, que é o Matías Cella, um grande produtor argentino, e perguntei se ele teria alguma referência. Então, ele me disse que tinha acabado de voltar de uma gravação no Rio e que iria novamente junto comigo. Ou seja, não é uma ponte que eu sinta que seja nova. Já há uma conexão muito intensa entre os músicos cariocas, de Porto Alegre, de São Paulo, Montevidéu, Buenos Aires, Rosário e Córdoba. Há um fluxo muito bonito, que acredito que em outras épocas esses intercâmbios só eram possíveis com grandes personalidades, como Fito Paez ou Caetano Veloso. Agora há uma conexão mais raiz, que se traduz em coisas incríveis como, por exemplos, passar as férias todos juntos. Ou seja, não foi difícil juntar músicos de vários países.
Quais foram as suas principais referências para este álbum?
A principal referência para este disco foi a música analógica, principalmente da década de 60. Também tem Bob Marley e bandas que eu gosto como The Rolling Stones. E, obviamente, discos da década de 70, de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Os Mutantes. É um disco bastante pop. São várias coisas que me marcaram muito e encorporei nesse álbum.
Esse é o sétimo disco da sua carreira. Do início, com o primeiro álbum, até o momento, como você enxerga as mudanças, além do seu crescimento como artista?
É bem interessante essa pergunta, pois eu sinto que, em grande medida, esse disco dialoga com os meus dois primeiros álbuns, “La Llave en la Puerta” e “Full Time”, que eram trabalhos bastante pop e músicas bem diretas. Contudo, nesse disco também há uma coisa estranha, como por exemplo em músicas como “Febril Remanso”, que tem uma grande complexidade harmônica e Kassin conseguiu dar um tratamento bem pop. Em certa medida, acho que fui somando camada ao longe dos meus sete discos e, neste, sintetizei todas. Daí também vem o nome “UNO”, unindo diferentes linguagens numa mesma canção.
Com o lançamento do “UNO”, quais são as próximas etapas agora?
Agora temos um longo caminho pela frente apresentando o disco. Vamos apresentá-lo no México e logo depois, em 23 de novembro, será o lançamento no Teatro Solis, aqui em Montevidéu. Depois também vamos para a Argentina, Espanha. E na metade do próximo ano, faremos uma turnê pelo Brasil e espero que viajemos bastante não apenas no Sul, mas também no Centro e Nordeste. Temos ai, ao menos, dois anos na estrada.
Pode mandar uma mensagem ao público do Brasil?
Minha mensagem para o público brasileiro é que estou extremamente agradecido. Eu jamais havia sonhado com a possibilidade de expandir o meu trabalho para o Brasil. Aqui no Uruguai sempre consumimos muita música brasileira, muita cultura brasileira num modo geral. Mas sempre percebemos essa relação como uma relação unidirecional, onde as informações chegavam do Brasil ao Uruguai, e não víamos a possibilidade de levar o nosso trabalho até lá. Isso começou nos últimos 6 anos e estou muito feliz, grato e com muita vontade de aprofundar esse vínculo.
Ouça o disco “UNO”, de Daniel Drexler, no Spotify: