O grupo mexicano RBD está no Brasil com a Soy Rebelde Tour, que já passou pelos Estados Unidos e Colômbia com mais de 34 datas esgotadas. A banda desembarcou em São Paulo neste domingo, 12, para o primeiro, dos 6 shows marcados na capital paulista e repetiu o feito de 2006, quando lotou o estádio do Morumbi na Tour Generácion RBD. Cerca de 70 mil pessoas estiveram presentes.
O grupo entrou no palco às 20h, ao som de “Tras de Mi”. Em um esquema de rodízio desde os primeiros shows da América do Sul, quem apareceu no centro da plataforma dando as boas-vindas aos fãs desta vez foi Dulce María.
O grande diferencial da atual turnê do RBD para o que víamos no início dos anos 2000 é a evolução no que diz respeito à estrutura. Quem acompanhou a banda entre os anos de 2004 e 2008 sabe que toda a energia e entrega estava ligada diretamente aos integrantes, que basicamente não contavam com nenhum aparato cenográfico ou pirotécnico. Eram eles e o público.
Agora, nos deparamos com uma megaprodução envolvendo luzes, leds, plataformas suspensas, elevadores e até um palco que visto de cima forma uma gravata, símbolo que marcou a banda devido ao uniforme usado na novela Rebelde.
Anahí, Dulce María, Maite Perroni, Christopher Uckermann e Christian Chávez também voltam mais maduros e entrosados. Hoje, todas as integrantes são mães – Maite, inclusive, enfrenta o desafio de sair em turnê e cuidar de sua filha recém nascida. E se antes, existiam inúmeros rumores de rivalidades entre os integrantes impostos pela mídia, hoje eles fazem questão de trocar carinhos o tempo todo no palco, reforçando os laços fraternos que se mantiveram mesmo após o hiato de 15 anos.
A setlist é uma grande viagem pelos discos do RBD, com boa parte composta pelos dois primeiros trabalhos da banda “Rebelde” (2004) e “Nuestro Amor” (2005). Hits como “Un Poco de Tu Amor”, “Que Hay Detrás” e “Fuego” fazem parte do show de 2 horas.
Todos os integrantes também possuem momentos solos, com faixas que marcaram a trajetória da banda. “No Pares”, interpretada por Dulce María, “Sálvame” por Anahí e “Empezar Desde Cero” cantada por Maite Perroni são algumas das músicas solos presentes. Christian Chávez traz uma versão de “I Wanna be the Rain” misturada com a versão em espanhol “Quisiera Ser”, seguida de um discurso forte sobre LGBTFobia e sua luta para sair do armário. “Hoje eu volto com 40 anos e finalmente sou eu”, disse emocionando e agradecido com o carinho dos brasileiros.
É notável e bonito de ver a conexão do RBD com o público brasileiro e vice-versa. O país se tornou um dos mais importantes na carreira do grupo e um elo criado foi sustentado até mesmo após o encerramento da banda. E os agradecimentos estão presentes em todo o show.
O último disco “Para Olvidarte de Mi”, lançado após a separação do RBD, também marca presença de forma mais discreta, em dois medleys, onde os artistas cantam “Adiós” e a faixa título do disco. Um dos medleys, aliás, retornou ao setlist do show exclusivamente para o Brasil, após incansáveis pedidos nas redes sociais.
A força que o RBD mantém após tantos anos afastados é avassaladora – e às vezes assustadora -, pois é difícil entender como um grupo que tinha como público-alvo crianças e adolescentes, que naturalmente mudam seus gostos ao ficarem mais velhos, conseguiu manter vivo o amor dos fãs por quase duas décadas, estando a maior parte deste tempo separados.
A energia, tanto do palco, quando do público, impressiona. O RBD é de fato, muito além de um grupo surgido de uma produção televisiva. São inúmeros sucessos que marcaram uma geração e, quando revividos, despertam sentimentos transcendentais, que só quem viveu consegue explicar.
O futuro do grupo após o último show marcado para o dia 21 de dezembro, no estádio Azetca, na Cidade do México, ainda é incerto. Mas caso o RBD decida seguir em turnê pelos demais países do mundo, a demanda com toda certeza, é garantida.