Após um período de hiato, a banda paulistana Toyshop, na estrada há mais de 20 anos, lançou no mês passado o álbum que marca o seu retorno à cena musical. Intitulado “Candy”, o disco produzido por Maurício Cersosimo (Skank, Lobão e Avril Lavigne), traz nove canções inéditas, além de uma versão piano e voz do hit “Daydream“, que consolidou os brasileiros em países europeus.
Além do álbum, a banda lançou recentemente o clipe do single “Running Out“, que fez parte da trilha sonora do filme “Apneia”. A direção do vídeo ficou por conta de Marcelo Rossi.
Em entrevista ao Portal da Música, o baterista Guilherme Martin falou sobre o retorno da banda com o disco “Candy” em uma era tomada pela internet, influências no atual trabalho e amadurecimento após a pausa.
A banda teve início num momento onde a Televisão e o Rádio eram os grandes meios de divulgação, e agora, retornam num ambiente totalmente diferente, com a internet e os serviços de streaming’s dominando o mercado fonográfico. Como vocês encaram essa mudanças e quais os principais impactos sentidos neste retorno?
Realmente, essa tem sido a parte mais difícil após todo o processo do disco pronto. Saber como divulgar o trabalho hoje em dia. Nos anos 80 e 90, quando começamos , a forma de divulgação eram as demos tapes gravadas em K7, que trocávamos com as outras bandas. Não existia internet. O CD físico acabou se tornando o nosso cartão de visita. As mídias sociais são todas baseadas em estatísticas, pesquisas e logística de afunilamento de qual seria o público potencial para ouvir e seguir a sua banda. Tudo muito diferente das demo tapes ou fanzines independentes. Tem sido impactante sim, e estamos aprendendo muito, mas na minha opinião, a boa música ainda é um grande diferencial e o sucesso, independente de qualquer coisa, não pode ser previsto.
Como surgiu o convite para integrar a trilha sonora de “Apneia”?
O filme, dirigido por Mauricio Eça e Ricardo Montanha, foi uma surpresa, afinal havíamos apenas lançado um single da música”Running Out“. Ao assistirmos o filme, nos surpreendemos de tanto que a música funcionava para a cena. O Mauricio Eça é um grande diretor e é totalmente ligado ao rock. Esse mesmo single figurou também na trilha Sonora de um comercial da montadora de carros Sul Coreana Hyunday. Esses fatores foram um grande feedback do resultado que teria o álbum “Candy”.
O “Candy” traz elementos que vão do punk rock clássico ao power pop dos anos 60. Algo bem diferente do que vemos atualmente no mercado. Como vocês o definem e qual a mensagem que desejam passar com ele?
Nós queríamos dar uma continuidade no primeiro álbum da banda, chamado “Party UP”. A produção ficou por conta de Mauricio Cersosimo, que já havia trabalhado em Nova York com a Avril Lavigne e no Brasil com o Lobão, Skank e diversos artistas do mainstream. As composições estavam prontas. O Mauricio entendeu o conceito do álbum em cima de nossas composições e produziu com as texturas sonoras que queríamos. Queríamos metais , cordas, sintetizadores, pianos. Todos gravados por músicas. Que soasse vintage sem ser datado. Você pode conferir na balada “Take My Hand”, por exemplo, que poderia, sem dúvidas, ser uma balada dos Carpenters, pela sonoridade , ou “Nothing I Can” que tem a pegada de um power pop indie, na linha do Weezer no qual somos fãs. Foi um long período de produção, mas o álbum ficou 100% a cara da banda, com a energia e diversão que são caraterísticos.
Quais foram as principais mudanças e aprendizados, como artistas, adquiridos durante este tempo de hiato?
O inicio da banda foi intenso. Tivemos uma carreira internacional traçada e chegamos muito longe, com músicas inclusive nas paradas europeias, em trilhas de filmes internacionais. Quando iniciamos, em 1993, a Natacha tinha apenas 15 anos. A pausa na banda serviu para que todos pudessem seguir um pouco a própria vida. A Natacha se formou em Veterinária. Eu estive em tour com Sepultura e Viper, o que contribuiu muito para o meu aprendizado como músico e como profissional no palco. O Gabriel continuou tocando e hoje se apresenta a frente da banda Nem Liminha Ouviu, com o apresentador Tatola. O Val continuou compondo, e se tornou produtor musical , o que também facilita o processo criativo da banda, e o Nando é diretor de marketing internacional em gravadoras. O Toyshop nunca parou . Sempre estivemos juntos, como amigos, tocando e compondo, mas chegou a hora de darmos vida a este projeto que já existe há muito tempo e tem uma grande historia.
“Candy” está disponível nas principais plataformas de vendas digitais e streaming. Ouça: