Com a greve dos rodoviários e o caos nas estações de metrô da cidade, a agitada Avenida das Nações Unidas ficou praticamente deserta durante a noite desta quarta (21). Na altura do bairro de Santo Amaro, era possível ver movimentação e gritos em apenas um local. Nada de protestos! Aproximadamente 5 mil pessoas driblaram o problema no transporte público de São Paulo, e encheram a casa de shows Citibank Hall, para assistir a única apresentação do Fall Out Boy no Brasil, desde 2006.
Quem assistiu ao show da banda por aqui há oito anos atrás, sem dúvidas percebeu o amadurecimento dos integrantes. Na época, os garotos que viviam o auge da carreira do FOB, com o multi-platinado “From Under the Cork Tree” – que vendeu mais de 2,5 milhões de cópias apenas nos Estados Unidos -, eram parte do movimento “emo”. O hiato de três anos resultou em uma mudança significativa no visual e também no som dos norte-americanos, que lançaram em 2013 o álbum “Save Rock and Roll”.
Os 10 minutos de atraso pareceram eternos para os fãs que aguardavam impacientes a entrada da banda no palco. Os gritos de “FOB, FOB, FOB” aumentavam a cada minuto que se passava. Qualquer movimento atrás das cortinas eram motivos de histeria. Na plateia, era possível observar muitos adolescentes acompanhados dos pais, que provavelmente nem viveram a fase “boom” da banda, mas que ainda assim, se mantinham fervorosos e com as letras na ponta da língua, prontos para curtir cada música do Fall Out Boy.
Às 21h40, encapuzados, com apenas os olhos e bocas à mostra, os integrantes subiram ao palco, ao som de “The Phoenix“. O clima Black Block foi reforçado quando o baixista Pete apareceu com uma enorme bandeira branca, que trazia o logotipo da banda estampado. Antes de dar início à segunda faixa da noite, “I Slept With Someone In Fall Out Boy and All I Got Whas This Stupid Song Written About Me“, os rostos foram descobertos e os gritos, claro, garantidos.
Após execução de “Alone Together“, Wentz, que fez o primeiro e praticamente todo o contato com o público pelo resto do show, justificou a ausência do guitarrista Joe, que ficou nos Estados Unidos, com a filha que nasceu há poucos dias, e foi substituído por Ryland Blackinton, guitarrista da banda Cobra Starship. “Como vocês podem ver, Joe não está aqui. Ele ficou nos Estados Unidos, pois acabou de ter um bebê”, esclareceu Pete. Ryland também se dirigiu ao público e arriscou algumas palavras em português, que aprendeu com a passagem de sua banda pelo país, em 2012. “Você, você, você, você“, disse o guitarrista, fazendo referência ao funk da mulher melão. “Prazer em conhecer vocês”, completou.
A clássica “Sugar, We’re Goin Down” trouxe um dos momentos de maior empolgação da plateia, sendo cantada em coro. Na sequência, a banda apresentou o sucesso de Michael Jackson, “Beat It“, que foi regravada por eles no ano de 2008, em parceria com John Mayer. Simpático, Pete mais uma vez volta a falar com o público: ” Estamos muito felizes de estar aqui“.
Mesmo com poucas palavras, Patrick impressiona a todos com a sua potência vocal. A qualidade sonora da banda também é impecável, soando quase que exatamente igual as versões em estúdio.
Após se retirarem do palco por alguns instantes, a banda voltou em um clima mais intimista. Sentados à beira do palco, trocando as guitarras por violões, os músicos tocaram em formato acústico as músicas “I’m Like a Lawyer With the Way I’m Always Trying to Get You Off (Me & You)” e “Gran Theft Autumn/Where Is Your Boy“.
No mesmo instante em que “Dance, Dance“, outro grande sucesso do Fall Out Boy, começou, a empolgação da plateia triplicou. Para os fãs das antigas, um momento totalmente nostálgico, para os novatos, a oportunidade de viver por alguns instantes uma fase em que o rock tinha o seu espaço garantido na mídia.
“É tão bom viajar para outros lugares e perceber que os fãs são tão estranhos quanto nós“, disse Pete aos risos, antes de dar início à música “My Songs Know What You Did in The Dark“. “Essa vai para os fãs maniacos“, completou.
Alguns minutos fora do palco novamente, e Patrick retornou para o bis em outro instrumento. Desta vez, o vocalista assumiu um piano para tocar “Save Rock and Roll“. Durante a música, Stump não segurou o riso ao arriscar a voz de Elton John, que na versão em estúdio da faixa, marca presença.
Próximo de encerrar o show, a banda preparou uma surpresa especial os fãs brasileiros. O porta voz, Pete, revelou uma vontade de infância de morar no país. “Quando eu era pequeno, sonhava em morar no Brasil. Nós somos fãs da banda Sepultura e ensaiamos isto ontem, no hotel“, disse o baixista que assumiu o vocal em “Roots Bloody Root” – sucesso da banda brasileira.
A banda registrou a já clássica foto no palco com o público e finalizou o show eletrizante de aproximadamente 1h30 com o hit “Saturday“. Não satisfeito com as palavras, Pete foi até a grade para se despedir dos fãs e teve a sua camiseta rasgada pelas fanáticas, saindo do palco com a promessa de voltar.